BRASIL: SEGUNDO
TEMPO.
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* Artigo
publicado no Jornal Diário do Aço – 16/12/2015, pag. 02.
Em 2006,
Aloizio Mercadante publicou seu livro “Brasil – Primeiro Tempo”, cujo objetivo era
comparar os resultados econômicos e sociais do Governo Lula com os dos governos
anteriores. Com as recentes divulgações dos indicadores econômicos e sociais,
instigou-me perguntar se Mercadante, depois de 13 anos de governo petista,
ainda sustentaria suas conclusões. Vamos lá!
Mercadante
escreveu: “Ao final desse primeiro tempo,
podemos dizer com orgulho que reconstruímos com consistência as bases de um
crescimento econômico sustentável e começamos a mudar o padrão histórico de
concentração de renda, riqueza e poder que marca uma longa e perversa
trajetória de exclusão social de amplas parcelas de nosso povo”.
A real
situação econômica e social do Brasil de 2015 contrasta o raciocínio exposto,
mas, há no livro uma consideração honesta. Trata-se da confissão do escritor
lamentando que erros foram cometidos no “esforço de reconstrução do Brasil”,
assim dizendo: “o mais grave foi errar naquilo em que não tínhamos o direito de
errar: o império da ética”. Verdade! O PT afastou-se de sua bandeira moral, que
era o discurso ético a ensejar que haveria uma pratica ética no comportamento
político.
Os líderes do
PT ficaram apenas com o discurso ético, e, com isso, comprometeram aquilo que
poderia efetivamente resgatar dívidas sociais históricas do nosso Brasil, tal
como a sustentabilidade dos meios para distribuição da riqueza e redução da
desigualdade. Como isso ocorreu?
Sob a rubrica
“Criação de Condições para o Crescimento Sustentado” (Capítulo 5), Mercadante
apregoa que Lula “iniciou seus trabalhos com a ameaça da desorganização da
economia nacional e uma herança de severas restrições estruturais”. Elogiou o
crescimento de 4,9% da economia em 2004, como o melhor resultado dos últimos 10
anos, e reconheceu que as principais causas para esse êxito foram as exportações, a produção de bens de
capital e de bens de consumo duráveis. Como causas, “em menor medida”,
desse êxito, ele elencou os aumentos do salário e do consumo das famílias. Exaltou
a meta ambiciosa de 4,5% para a inflação de 2005, dizendo-a compatibilizadora
entre o crescimento econômico e a estabilidade de preços.
Faltou dizer
que as exportações, grande motor do governo Lula, foram um presente. Um fator
externo que ajudou nossa economia, mas que não decorreu concretamente de nenhum
ato governamental. E agora! Inflação alta, desemprego, industrias fechando,
salários atrasando, falta de perspectivas, uma sociedade dividida, uma juventude
alienada e descompromissada com a ética.
Reconheço em
Lula seu forte pragmatismo: “sem alianças nunca ganharemos as eleições”.
Entretanto, aliar-se com aqueles que o PT tanto combateu (Sarney, Maluf,
Collor, Renan Calheiros etc.) não é pragmatismo. Trata-se de esperteza, assim
como também o é mentir ao povo para ganhar eleições.
Jorge
Ferreira S. Filho. Professor. Conselheiro do Instituto dos Advogados de Minas
Gerais – IAMG. E-mail professorjorge1@hotmail.com