POR QUE DEBATER PUBLICAMENTE AS
ELEIÇÕES NA OAB?
O Jornal Folha
de São Paulo anunciou a organização de um debate entre os candidatos à presidência da seção paulista
da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), evento previsto para 05/11/2012.
Conforme divulgado* o debate será conduzido por três repórteres, tendo como
mediador Mário César Carvalho, destacado jornalista investigativo da Folha.
A notícia faz
emergir, de imediato, alguns questionamentos, tais como: Esse assunto não seria
de interesse apenas interna corporis,
ou seja, circunscrito aos advogados? Por que um dos maiores jornais do país
está interessado em quem será o futuro presidente da OAB/SP?
Ora, a OAB é
uma instituição diferente de uma associação de profissionais. Não é um clube
recreativo. Não é um sindicato de advogados. Ela foi criada por lei federal no
interesse, não do advogado, mas, do público brasileiro. Por isso é que o artigo
44 da Lei 8.906/94 enuncia que a OAB é um serviço público.
A OAB tem personalidade
jurídica própria e duas são as suas finalidades: “I - defender a Constituição,
a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a
justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração
da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas”; II
- “promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a
disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil”.
Vê-se, pois,
que a sociedade brasileira deve ter atenção sobre o que acontece na OAB. Essa
instituição tem uma gloriosa história de lutas em prol dos valores democráticos
da sociedade brasileira. Pela presidência do Conselho Federal e das Seccionais
(OAB dos Estados) já passaram grandes nomes. Verdadeiros juristas, conhecedores
do direito, pesquisadores da Ciência Jurídica, pessoas com muitas obras
publicadas, profissionais envolvidos com grandes temas do direito. Pessoas
distantes das colunas sociais, mas sempre presentes nos palcos onde há
interesse público a defender.
Não é de estranhar,
pois, que os candidatos à presidência da OAB/SP estão sob os holofotes da
imprensa. Disputam o cargo Marcos da
Costa, Ricardo Sayeg e Alberto Toron.
Da Costa concorre pela situação. Sayeg e Toron são da oposição e não se
compuseram numa mesma chapa porque divergem sobre o tema descriminalização das drogas.
Tudo isso
merece ser refletido pelo advogado que inicia sua carreira. Muitos se encantam
com o deslumbramento dos eventos festivos (grandes bailes; grandes palestras;
muitas fotos; cerimônias pomposas; homenagens variadas etc.). Data vênia, isso
é muito pouco para a OAB. Somos muito mais que isso. O lazer do advogado é
importante, mas essa instituição tem uma predestinação maior que uma OAB
RECANTO CLUB.
Nas eleições,
saibamos escolher como dirigentes quem tem o perfil de agir sem “nenhum receio
de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem incorrer em
impopularidade”, como exige o art. 31, §2º da Lei 8.906/94. Analise a história
do candidato, seu currículo, sua produção intelectual, sua independência
política, seus vínculos ou não com setores econômicos e decida por uma OAB
digna de nós advogados.
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