Quem será o
próximo Presidente? Ensinaram-nos que “todo o poder emana do povo” e é
exercido, em nome do povo, por pessoas, representantes eleitos na forma da lei.
Assim é a democracia. Um desenho romântico e idealizado do eleitor. Cada voto
tem o mesmo valor. O voto consciente vale tanto quanto o voto irresponsável. Esse
é o paradoxo da democracia. O poder não é exercido diretamente por seu titular,
mas por meio das pessoas que recebem a maioria dos votos dados pela maioria que
se que caracteriza exatamente por não ter a menor capacidade de exercer um
juízo crítico sobre a idoneidade político-moral do candidato.
O escritor
argentino Jorge Luiz Borges era impiedoso: “A democracia é um erro estatístico,
porque na democracia decide a maioria e a maioria é formada de imbecis”. Não
sejamos tão severos. Não é a imbecilidade que predomina, mas a confortável
inércia intelectual na qual o homem comum refugia-se. Denis Diderot já o
perceberá antes de findar o Século XVIII, pois ensinava que o homem prefere divertir
a instruir-se. A maioria caminha para a
zona de conforto. Pensar dá trabalho.
Ela votará no mais bonito, no mais charmoso, no ex-jogador do seu time de
futebol, naquele “fala mansa”, que promete realizar aquilo que o eleitor
anseia, sem dizer como será paga a conta.
A conjuntura acima
deflagrou reações variadas. Na imprensa instaurou-se a perplexidade com o
despudor dos candidatos no tocante às fulgurantes promessas de campanha,
principalmente aquelas de natureza econômica. Pelo menos, como protestou
Vittorio Medioli, “o candidato tem que explicar como pilotará a economia”. Outros
caminharam no sentido de engendrar a captura do voto do eleitor politicamente
despreparado para a vivência democrática. E assim, o Século XX produziu o
marqueteiro; os bruxos da democracia.
Com suas demoníacas artes construíram as multifacetadas linguagens do
candidato, principalmente a corporal televisiva. Estudadas posturas. Ora uma
inteligente lágrima rolará pela face ora o rosto assumirá uma expressão de
tristeza e solidariedade com o eleitor/espectador anônimo. A cada lágrima um
voto. A recente Copa do Mundo mostrou como gostamos de nos iludir. A maioria sequer
questiona como seu candidato cumprirá suas promessas e quanto isso custará ao
cidadão.
A ética de uma
campanha eleitoral deveria circunscrever-se a exploração marqueteira do slogan: vote em fulano, porque seu plano
de governo é coerente, exequível e com menor impacto ao bolso do contribuinte.
Ingenuidade. DUDA MENDONÇA, marqueteiro e guru do Presidente Lula já deu o tom.
Disse que “meus adversários são bons”. Quem são os adversários? Os candidatos?
Não. São os marqueteiros. Duda deixa claro que não é a qualidade do plano de
governo do candidato adversário que o preocupa, mas a qualidade dos
marqueteiros do adversário político de seu cliente. Quem melhor encenar chegará
ao poder, até que mudemos isso.
Jorge Ferreira S. Filho. Articulista, advogado,
engenheiro e Professor de Direito.