quinta-feira, 6 de setembro de 2012

TIRO PELA CULATRA


TIRO PELA CULATRA?

 

*Publicado no Jornal Diário do Aço; edição de 06 de agosto de 2012, página 02.

 

Recordo-me que o Desembargador Amilton Bueno de Carvalho, visitando Ipatinga, contou um caso ocorrido numa comarca do Sul, onde um marido traído fazia questão de dar conhecimento ao público que ele estava processando a esposa. A abordagem do caso, porém, não foi de ordem jurídica, mas, sim, psicanalítica, pois questionava o desembargador quais motivos habitariam as profundezas do inconsciente do marido para se dedicar a uma atividade que, antes de atingir a imagem da esposa, era sua própria imagem que ficava exposta à chacota do povo. Por que algumas pessoas se lançam em determinadas condutas cujos reflexos mais as prejudicam que ajudam?

Ontem pela manhã,  depois de ler a notícia de que uma coligação partidária de Ipatinga conseguiu na justiça uma liminar para impedir a divulgação de uma pesquisa eleitoral, deparei-me, novamente, mergulhado nas indagações acima referidas. Mais surpreso ainda eu fiquei com os motivos apresentados pela Coligação para impedir a divulgação da pesquisa. As razões de tal desiderato circunscrevem-se em torno do Deputado ALEXANDRE SILVEIRA.

A Coligação entendeu que algumas perguntas formuladas no questionário da pesquisa poderiam induzir o eleitor a pensar que ALEXANDRE SILVEIRA estaria apoiando a candidatura de Rosângela Reis. Ora, que postura estranha! Essa justificativa certamente  deflagrará no  eleitor uma curiosidade que ele talvez nem tivesse. Agora, perguntas novas surgirão, tais como: Por que Rosângela não quer que o povo pense que ela tem o apoio de Silveira? Que tipo de apoio seria este? Seria financeiro ou meramente de simpatia política? Se existir o apoio financeiro, a desvinculação da imagem de associação entre a candidata e o deputado seria o suficiente para fazer desaparecer o dinheiro já inserido ou a inserir na campanha? Se a candidata alcançar a vitória, isso impediria que Silveira viesse a participar da administração municipal? Estratégia estranha, não?

Conheço muito pouco o Deputado Alexandre Silveira. O primeiro contato foi por minha iniciativa. Pedi sua ajuda para me colocar em contato com a Polícia Rodoviária Federal para discutir questões relacionadas com acidentes na BR-381. O deputado prontamente me atendeu. Numa festa, tive o segundo e último contato com Silveira. A conversa versou sobre política e saí muito bem impressionado quanto à perspicácia do deputado no tocante à engenharia do poder político no Brasil. Ali percebi claramente a encarnação da Escola de José Alencar e sua pragmática e real percepção de que no Brasil não se faz campanha sem dinheiro.

Ora, como se sabe, as características mencionadas não desqualificam um político no Brasil. Então, por qual razão Silveira estaria, pelo menos na aparência, sendo rejeitado por Rosângela? Pasmem leitores. A Coligação disse que Silveira tem enorme rejeição em Ipatinga. Precisava disso? Agora, quem é e quem não é de Ipatinga procurará saber as razões pelas quais o deputado é rejeitado na nossa cidade. A exposição ultrapassará as fronteiras do município.

Recordo-me que li a respeito de um episódio no qual, indignado com uma reportagem, Leonel Brizola deu um murro na cara do jornalista Davi Nasser. Este reagiu escrevendo um artigo na revista O CRUZEIRO com o título: “O coice da mula”. O tiro saiu pela culatra, pois muitos eleitores e correligionários de Brizola admiravam a violência como solução para os problemas. É a velha lei da ação e reação. Ação impensada, reação inesperada.   Ah! Como eu gostaria de entender as estratégias eleitorais.

 
Jorge Ferreira S. Filho. Advogado - Articulista. E-mail professorjorge1@hotmail.com

Um comentário:

  1. A reação é mais ousada que a ação. Impedir a divulgação por elementos internos da pesquisa é supor a dedicação de cada cidadão a uma análise crítica e detalhada de cada pesquisa realizada. Também não sei qual é a ligação entre os políticos citados, mas desconfio de alguma interferência. MAs, nada estranha as alianças políticas. Ainda que se prove por A + B que não tenham qualquer relação nada afasta a influência do Sr. Deputado em eventual administração da Sra. Deputada Verde, aliás governa-se com apoio e concessões.... e.... e.... e....
    Só a ética que fica à parte.

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